JuicyScore logo
O que é a impressão digital do navegador e quais dados estão incluídos? arrow

Sempre que um usuário acessa uma plataforma de crédito digital, não se trata apenas de mais uma visita – é um possível desafio de segurança. Fraudadores estão cada vez mais habilidosos em se esconder atrás de logins roubados, IPs falsificados e conexões anonimizadas, tornando mais difícil do que nunca identificá-los apenas por credenciais ou localização.

É aí que entra a impressão digital do navegador (browser fingerprint). Trata-se de uma combinação única de características técnicas – desde fuso horário e resolução de tela até plugins instalados, configurações de idioma e até a forma como o navegador processa gráficos. Embora nenhum elemento isolado seja conclusivo, juntos eles criam uma assinatura extremamente difícil de duplicar com precisão absoluta.

O que pode parecer um conceito técnico de nicho está, na verdade, se tornando uma ferramenta essencial na prevenção de fraudes e na verificação de identidade digital. Para tomadores de decisão em fintechs, crédito digital, microfinanças e BNPL, entender como funcionam as impressões digitais do navegador (e como podem ser manipuladas) é fundamental para criar estratégias de risco mais robustas e resilientes.

Vamos explorar como funciona o browser fingerprinting, onde estão os riscos e como técnicas avançadas podem fortalecer a prevenção a fraudes.

O que é a impressão digital do navegador e quais dados estão incluídos?

Uma impressão digital do navegador é uma combinação única de características derivadas do navegador e do ambiente do dispositivo de um usuário. Ela pode incluir:

  • Tipo e versão do navegador
  • Sistema operacional
  • Resolução de tela
  • Fuso horário
  • Fontes ou plugins instalados
  • Comportamento de renderização em Canvas ou WebGL
  • Memória do dispositivo e classe de CPU
  • Cabeçalhos HTTP
  • Configurações de “Não rastrear” (Do Not Track)

Isoladamente, esses sinais não identificam um usuário. Mas combinados – especialmente em escala – formam uma assinatura altamente distinta que pode persistir entre sessões e até mesmo após mudanças de endereço IP, já que a probabilidade de dois usuários terem configurações idênticas é extremamente baixa.

Segundo pesquisa do Panopticlick, as chances de outro navegador compartilhar exatamente a mesma impressão digital são de apenas 1 em 286.777. Essa assinatura permite que um sistema “lembre” o dispositivo mesmo se os cookies forem apagados ou as credenciais de usuário forem alteradas.

Esse processo às vezes é chamado de website fingerprinting ou internet fingerprinting, dependendo do contexto. Ele não rastreia usuários pelo nome, mas sim pelo ambiente.

Exemplos de impressões digitais do navegador

Para entender melhor o conceito, considere estes exemplos:

  • Impressão A: Computador com Windows 11 usando Chrome 124, resolução 1920×1080, idioma inglês (EUA), fuso horário GMT+3 e uma lista específica de fontes e extensões.
  • Impressão B: Dispositivo macOS com Safari, tela retina, idioma francês, conjunto diferente de plugins e renderização WebGL distinta.

Embora nenhum exemplo contenha dados pessoais, cada um gera uma assinatura única. Agora imagine ver a mesma impressão utilizada em dezenas de solicitações vindas de diferentes regiões – ou pior, associada a contas ligadas a fraude. É aí que o browser fingerprinting se torna poderoso.

A mecânica por trás do browser fingerprinting

Na essência, o browser fingerprinting funciona executando scripts no navegador do usuário – normalmente em JavaScript – para extrair detalhes específicos do ambiente. Esses scripts solicitam informações como fontes instaladas, dimensões de tela ou resultados de renderização gráfica. Os atributos coletados são então combinados, transformados em hash ou formatados para gerar um identificador único e compacto para aquela sessão.

É importante notar que a impressão digital não é estática. Se o usuário atualizar o navegador ou trocar de dispositivo, a impressão pode mudar. Por isso, sistemas eficazes avaliam a consistência e a estabilidade das impressões ao longo do tempo, em vez de depender apenas de uma correspondência única.

Algumas soluções também enriquecem a impressão com sinais comportamentais – como a forma como o usuário rola a página, digita ou move o cursor – para criar um perfil mais dinâmico e resistente a fraudes.

Cross-Browser Fingerprinting

O cross-browser fingerprinting é a capacidade de reconhecer um dispositivo em vários navegadores – por exemplo, Chrome e Firefox – executados na mesma máquina. Isso é muito mais difícil do que o fingerprinting tradicional, pois cada navegador expõe APIs diferentes e pode se comportar de forma ligeiramente distinta internamente.

Ainda assim, técnicas avançadas conseguem identificar pontos em comum. A combinação de resolução de tela, fontes instaladas, pilha de áudio, fuso horário e renderização WebGL pode ser surpreendentemente consistente, mesmo que o usuário troque de navegador.

Essa capacidade é útil para prevenção de fraudes porque revela a persistência do ambiente – um fraudador que troca de navegador esperando um “recomeço” pode ser identificado como o mesmo dispositivo, já conhecido ou suspeito.

Entretanto, essas técnicas levantam questões éticas e regulatórias mais relevantes e precisam ser implementadas de forma transparente e legal.

A corrida armamentista: como fraudadores exploram e ocultam impressões digitais

Redes profissionais de fraude e grupos de “fraude como serviço” desenvolveram métodos avançados para falsificar ou randomizar impressões digitais do navegador, como:

  • Navegadores headless e frameworks de automação (como Puppeteer ou Selenium)
  • Ferramentas de canvas spoofing que simulam renderização legítima
  • Extensões ou user agents modificados para mascarar a configuração real

Alguns vão além e implantam milhares de impressões manipuladas para simular diversidade real de usuários. Outros sequestram impressões legítimas – por exemplo, de sessões comprometidas – para se passarem por dispositivos confiáveis.

Por que a impressão digital do navegador é valiosa para as empresas

Para credores digitais, bancos, fintechs e instituições de microfinanças, a impressão digital do navegador oferece diversas vantagens estratégicas na prevenção a fraudes e na verificação de identidade:

1. Detecção de ambientes anômalos

As impressões digitais podem revelar configurações que não correspondem a um uso legítimo – como máquinas virtuais, scripts automatizados ou combinações suspeitas de plugins.

2. Aumento da confiança no dispositivo

Ao reconhecer dispositivos conhecidos ao longo do tempo, as empresas conseguem diferenciar clientes fiéis de novas sessões não verificadas.

3. Redução da dependência de dados pessoais (PII)

A impressão digital utiliza sinais técnicos não pessoais, ajudando as organizações a manter a conformidade com as leis de privacidade e, ao mesmo tempo, identificar riscos.

4. Prevenção de fraude multi‑conta

Impressões digitais compartilhadas ou reutilizadas em várias contas podem indicar comportamento fraudulento ou padrões de identidade sintética.

5. Apoio ao scoring alternativo

Em mercados com pouco histórico de crédito ou não bancarizados, padrões consistentes de uso do dispositivo podem servir como um indicativo de confiabilidade digital, auxiliando na avaliação de crédito.

Limitações da impressão digital do navegador

Apesar das vantagens, a tecnologia apresenta limitações claras:

  • Avanço das táticas de evasão: Criminosos podem usar ferramentas de spoofing, emuladores de dispositivos ou navegadores com funções anti‑detecção para manipular as impressões digitais.
  • Perda de precisão com mudanças legítimas: Usuários legítimos que atualizam o software, trocam de dispositivo ou usam navegação privada podem gerar novas impressões digitais, reduzindo a continuidade do reconhecimento.
  • Restrições éticas e de privacidade: Embora os dados utilizados não sejam pessoais, a impressão digital deve estar alinhada com as regulamentações de privacidade. Transparência, limitação de finalidade e segurança são fundamentais.
  • Não é uma solução isolada: A impressão digital, por si só, não confirma fraude nem legitimidade. Ela precisa ser interpretada no contexto – idealmente junto com sinais comportamentais, dados históricos e padrões conhecidos de fraude.

Na JuicyScore, abordamos esses desafios por meio de uma avaliação dinâmica – analisando não apenas o que é a impressão digital, mas também como ela se comporta, qual a sua consistência e como se encaixa em um perfil de risco mais amplo.

Uma abordagem mais eficaz: inteligência dinâmica de dispositivos e navegadores

Na JuicyScore, vamos além ao incorporar a impressão digital do navegador a um ecossistema mais amplo de inteligência de dispositivos.

  • Em vez de tratar cada impressão digital como um identificador fixo, avaliamos sua consistência comportamental e o risco contextual ao longo do tempo. Perguntamos:
  • Esta impressão é típica para este segmento e região?
  • O comportamento do navegador está alinhado com um uso legítimo (por exemplo, movimento natural do mouse, tempos de interação adequados)?
  • Esta impressão já foi observada antes – e em quais cenários de fraude ou de uso legítimo?
  • Há inconsistências na impressão (por exemplo, sistema operacional móvel com resolução típica de desktop)?

Essa avaliação dinâmica nos permite ir além do rastreamento passivo. Conseguimos detectar sinais de manipulação, randomização de ambiente ou atividade automatizada – tudo sem depender de cookies, PII ou rastreamento invasivo.

Quer saber como a impressão digital do navegador pode se encaixar na sua estratégia de prevenção a fraudes?

Agende uma demo com a JuicyScore e descubra como nossa inteligência de dispositivos, com foco em privacidade, ajuda a identificar riscos antes que eles se tornem prejuízos.

Principais pontos

  • A impressão digital do navegador é criada combinando dados técnicos do navegador e do dispositivo, como sistema operacional, resolução de tela, plugins instalados, fuso horário e comportamento de renderização.
  • Isoladamente, esses atributos podem não parecer identificáveis, mas juntos formam uma assinatura única que pode persistir por várias sessões, mesmo sem cookies ou credenciais de usuário.
  • Segundo o Panopticlick, a probabilidade de outro navegador ter exatamente a mesma impressão digital é de apenas 1 em 286.777.
  • A impressão digital do navegador é amplamente utilizada para reconhecer dispositivos recorrentes, detectar ambientes anômalos e apoiar estratégias de prevenção a fraudes sem coletar informações pessoais.
  • Criminosos tentam evitar a detecção usando máquinas virtuais, navegadores headless, renderização falsificada e manipulação automatizada de impressões digitais.
  • As empresas usam a tecnologia para: detectar ambientes suspeitos ou não humanos; identificar padrões relacionados à fraude multi‑conta; manter a visibilidade de risco em sessões anônimas; reduzir a dependência de informações pessoais (PII).
  • Apesar de sua utilidade, a tecnologia apresenta limitações: perda de precisão com mudanças legítimas de dispositivo e aumento das preocupações com privacidade sob leis globais de proteção de dados.
  • Quando combinada com inteligência de dispositivos e análise comportamental, a impressão digital do navegador se torna mais eficaz na identificação de riscos, preservando a privacidade do usuário.

FAQs

O que é impressão digital do navegador e como funciona?

É um método de identificação de um dispositivo com base em sua combinação única de atributos do navegador e do sistema – como fuso horário, fontes, tamanho de tela e plugins instalados.

A impressão digital do navegador pode rastrear usuários pessoalmente?

Não diretamente. Ela não usa nomes nem e‑mails. No entanto, combinada com outros dados, pode ajudar sistemas a reconhecer dispositivos de forma consistente. Por isso, é importante uma implementação responsável e com foco em privacidade.

Por que a impressão digital do navegador é importante na prevenção a fraudes?

Porque ajuda a detectar ambientes ou comportamentos incomuns que podem indicar fraude – especialmente quando credenciais de login e endereços IP foram comprometidos ou manipulados.

Como fraudadores manipulam impressões digitais do navegador?

Eles utilizam ferramentas como máquinas virtuais, plugins de spoofing ou scripts de automação para alterar sinais do navegador e ocultar sua verdadeira identidade.

É legal usar impressão digital do navegador?

Sim – desde que não colete dados pessoais e siga regulamentações de privacidade como GDPR, LGPD ou CCPA. Transparência e coleta mínima de dados são essenciais.

Qual é a diferença entre impressão digital do navegador e cookies?

Os cookies armazenam dados no navegador do usuário. Já a impressão digital lê as propriedades atuais do navegador e do dispositivo a cada sessão.

As impressões digitais do navegador podem mudar com o tempo?

Sim. Um usuário que atualiza seu sistema ou muda de navegador pode gerar uma nova impressão. Por isso, a análise dinâmica e a verificação de consistência comportamental são fundamentais.

Share this post